Novo Rio Pinheiros: um case de união entre trabalho social e projeto de engenharia

O programa Novo Rio Pinheiros é uma iniciativa de saneamento que visou a melhoria da qualidade das águas desse rio icônico da cidade de São Paulo e das condições de salubridade e vida da população que ocupa sua bacia. O Rio Pinheiros tem 25 km de extensão e recolhe águas de uma bacia de 271 km², em uma área onde vivem 3,3 milhões de pessoas.

A fim de unir esforços para a promoção do Objetivo de Desenvolvimento Sustentável – ODS 6 – Água Potável e Saneamento, o Governo do Estado de São Paulo, através da Secretaria de Infraestrutura e Meio Ambiente e sob a execução da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (SABESP), decidiu priorizar a realização desse programa. A Diagonal, juntamente com a Condominium (empresa do Grupo Diagonal especializada em Saneamento), participou desse trabalho por meio do consórcio DGFD.

O desafio do projeto Novo Rio Pinheiros

O objetivo desse projeto é garantir saneamento básico, reduzir o esgoto lançado nos afluentes do Pinheiros para melhorar a qualidade de suas águas e reintegrá-lo à vida da cidade.

A atuação se deu através da execução de um conjunto diversificado de obras e intervenções de esgotamento sanitário, implementação de soluções alternativas, no caso o Sistema Condominial, gestão ambiental, ações socioambientais e de comunicação que apoiem a execução das obras, a participação das comunidades e o monitoramento remoto dos córregos para controle da qualidade da água. Nesse sentido, se promoveu o acesso da população ao saneamento básico e a melhoria ambiental dos corpos hídricos, a partir da redução da carga orgânica pelos esgotos que eram lançados in natura no córrego.

Ação Água Espraiada

Dentre as 25 sub-bacias dos córregos que afluem para o Rio Pinheiros, havia nove já saneadas segundo a Sabesp. Por isso, o programa mirou as outras 16 ainda não saneadas. A Diagonal atuou na sub-bacia do Córrego Água Espraiada, por meio do consórcio DGFD, formado pelas empresas DP Barros, Gimma e FBS. Essa sub-bacia é construída por oito pequenos córregos afluentes na margem direita (com destaque para o Pinheirinho e o Jabaquara) e nove na margem esquerda. Trata-se de uma região totalmente urbanizada, de padrão de ocupação bastante consolidado e diverso, com estrato de renda também diverso. Bairros como parte de Itaim Bibi, Campo Belo e Jabaquara se inserem nessa sub-bacia, assim como 50 favelas, entre elas Levanta Saia e Sonia Ribeiro, situadas nas margens da Avenida Roberto Marinho, Souza Dantas e Vietnã, na porção mais superior (a montante) da sub-bacia.

A meta inicial estabelecida pela SABESP foi executar um conjunto de obras de coleta e estrutura de transporte (coletores tronco), em 24 meses, para incrementar com 44.857 economias (imóveis) interligadas ao sistema de esgotamento sanitário da SABESP, tratando esse esgotos na ETE Barueri. 

Atualmente, com a obra concluída no prazo, a atuação do Consórcio vem monitorando a redução da DBO (Demanda Bioquímica de Oxigênio) mensalmente, por 12 meses. Esse parâmetro é o mais utilizado para medir o nível de poluição das águas, por se tratar da quantidade de oxigênio consumida por microrganismos para degradação de matéria orgânica – quanto maior a DBO, mais poluído esse córrego está. Na sub-bacia água espraiada foi estabelecida uma meta de redução DBO ≤ 50 mg/l. Por eficiência e com a colaboração da população, atingimos um DBO inferior a 30 mg/l.

Mas além dos parâmetros técnicos está a qualidade de vida de famílias em situação de vulnerabilidade. A Diagonal abraçou esse trabalho porque nossa máxima é que “pessoas são nosso território”, e para falar de saneamento básico é preciso ir além do da engenharia para se aproximar dos habitantes e conseguir transformar a relação deles com o meio ambiente.

A metodologia da Diagonal e Condominium

A Diagonal, junto à empresa do grupo Condominium, estruturou o Plano de Ação dividindo o território em 11 microbacias para facilitar a atuação das equipes, de maneira integrada, nas várias frentes de execução dos serviços: projeto, obra, melhoria operacional e o trabalho social. A Diagonal garantiu a excelência da gestão social das obras e a Condominium garantiu um projeto de engenharia de sucesso.

A metodologia condominial, criada pelo fundador da Condominium o Engenheiro José Carlos de Melo, alia uma solução técnica a um componente de participação da sociedade. Nela, o conhecimento da realidade é a base para o planejamento da intervenção, verifica-se cada beco e consulta-se cada morador. Assim, identifica-se as soluções improvisadas que reúnem os esgotos e as águas de chuva para separar os dois sistemas: esgotamento sanitário e drenagem das águas pluviais.

Por sua vez, o trabalho técnico social da Diagonal tem em sua essência o diálogo e a mobilização da população para garantir a sustentabilidade do projeto. Na Ação Água Espraiada, esse processo teve início com a identificação de lideranças comunitárias que viabilizaram a aproximação da equipe com a comunidade, favorecendo a sensibilização das famílias e a comunicação acessível entre a Sabesp, o Consórcio DGFD e a população.

Sabemos que ações com resultados duradouros precisam incluir todas as partes interessadas, nesse sentido, a adesão por parte da população ao sistema foi trabalhada para obtê-la de maneira consciente, explicando aos futuros usuários a concepção do projeto e as regras de acesso (por exemplo, valor da tarifa de esgoto), bem como esclarecendo dúvidas e se apropriando dos seus anseios em relação a melhoria da qualidade de vida através de mecanismos de comunicação: reuniões com pequenos grupamentos de casas e atendimento individual, além de promover a mudança de comportamento a partir das ações socio ambientais. 

Resultado? Bem-estar e um novo Rio Pinheiros para a população

Os resultados desse trabalho coletivo nos mostram que liderar projetos complexos em prol da melhoria da qualidade de vida de 450 mil habitantes vale a pena. Geramos emprego e renda para a população local, apoiamos o Governo de São Paulo na implementação de um projeto em prol de um objetivo de desenvolvimento sustentável e, o mais importante, melhoramos a qualidade dos serviços de saneamento básico.

Na Avaliação de Impacto Social da Ação Água Espraiada, para efeito de comparação, fizemos uma pesquisa com residentes da comunidade Souza Dantas, que já havia recebido a intervenção, e Muzambinho que estava à espera. Nessa intervenção, 84% dos imóveis da área Souza Dantas foram devidamente ligados ao sistema geral de esgoto. Assim, no grupo tratado os respondentes garantiram que, após a intervenção no Souza Dantas, o esgoto lançado devidamente na rede saiu de 6% para quase 70%, que passou a ser canalizado para a estação de tratamento da Sabesp, não sendo mais despejado diretamente no córrego.

As obras trouxeram bem-estar, reduziram o mau cheiro do entorno e proporcionaram mais saúde para as residências, e o processo de revitalização permitiu entregar para a população áreas vivas para atividades externas, até mesmo de lazer. Além disso, na comparação, o grupo de Souza Dantas relata a redução da incidência de doenças, e mais engajamento da comunidade com coleta seletiva e outras práticas de responsabilidade ambiental.

O próximo passo é fazer o acompanhamento da Ação Águas Espraiadas para que o projeto seja sustentável a longo prazo, e desejamos também que muitos outros Estados priorizem o saneamento básico em suas agendas, afinal, como o próprio nome diz, é básico.

Para conhecer mais do trabalho da Diagonal junto ao Setor Público, acesse a página sobre nossa atuação e descubra nossos serviços, histórico de parcerias bem-sucedidas, além de clientes e portfólio de projetos. 

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